Ao longo dos anos, eu fui compreendendo que a Arquitetura é um assunto apaixonante, muito mais até do que imaginei há 20 anos, quando me formei. Contudo, nos dias de hoje, eu creio que a Arquitetura está em constante ameaça. Seja por causa da insensibilidade da usura - que multiplica edifícios ruins; seja por causa da ignorância - que os aceita quotidianamente; seja através do discurso pomposo de teorias vazias que prodigalizam uma naturalidade ou um relativismo irreais – uma simples análise revela que são vários os inimigos da Arquitetura. E todos eles, segundo meu ponto de vista, a detestam profundamente, a ponto de diminuir-lhe o valor tentando transmutar a sua matéria num jogo burocrático de palavras e regras, diminuindo a importância da experiência individual na apreciação do espaço e da arte. Esses inimigos fazem com que a Arquitetura pareça necessária apenas para simbolizar um poder coercitivo sobre o cidadão, quando se trata de edifícios públicos e corporativos, e nos edifícios habitacionais, estimular o conformismo.
De um modo mais ou menos disseminado, a ignorância e a pobreza de espírito têm atacado a inspiração e o engenho, na Arquitetura. São esses os dois mais cruéis inimigos, e eu não tenho dúvidas que é no interior das universidades o local onde eles se aninham. Enquanto isso, do lado de fora, entre as atitudes heróicas, não se salvam nem o cosmopolitismo exibicionista de países ricos e novos ricos, nem a pretensa genialidade das excessões nos países pobres e atitudes alternativas. Ambas categorias de manifestações não são orientadas para uma vida real - são apenas uma pose.
Há também uma falsa atitude científica que tenta reduzir as dimensões mais humanas da Arquitetura para apresentá-la como simples resultado do cálculo, do conforto e da eficiência. Ingenuamente, muitos dos que gostam de estudar a Arquitetura acabam por se render à supersimplificação que esse falso espírito científico oferece. Esquecem, entretanto, que a Arquitetura é matéria que conta com milhares de anos na terra, contra os precários 400 e poucos anos do pensamento científico moderno.
Um modo de contra-atacar esses inimigos - e talvez de forma muito mais eficaz do que simplesmente projetar e construir edifícios para o próprio deleite ou curriculum - é estudar e discutir o que seja a Arquitetura e ensinar isso, preservando o espaço para o debate de seus significados e sua importância. Essa educação orientada para a ensino dos aspectos sobre o espaço individual e coletivo pode repercutir objetivamente nos cidadãos e na vida de um país, refletindo-se no modo como eles vão tomar decisões sobre seus edifícios e seu meio ambiente.
Nesse sentido, apoiando um pouco o combate a favor da Arquitetura, disponibilizo aqui alguns textos e outros materiais orientados para o ensino.
Seja bem-vindo, e por favor, participe.
Sheffield, 12 de abril de 2008.
No comments:
Post a Comment